quarta-feira, 15 de outubro de 2014

OS PERIGOS DOS ANTICONCEPCIONAIS

Sou farmacêutica e já ouvi muitos falarem que não sabiam que os anticoncepcionais hormonais fizessem algum mal. E quando falo hormonais, estou me referindo às pílulas, pílulas do dia seguinte, aos adesivos, aos anéis vaginais, aos injetáveis e aos implantes. Na verdade, os usuários de qualquer medicamento (inclusive anticoncepcionais), não buscam as informações de segurança (efeitos adversos) sobre os mesmos. EFEITOS NA SAÚDE DA MULHER: Só para citar um exemplo, a bula do Yasmim traz as seguintes orientações sobre efeitos adversos e precauções no uso deste anticoncepcional (retirado do site da Bayer, após download da bula para pacientes http://www.bayerpharma.com.br/.../publico_geral/Yasmin.pdf): 1) Estudos de longa duração sugerem que pode existir uma ligação entre o uso da pílula e um risco aumentado de coágulos arteriais e venosos, embolia, ataque cardíaco ou derrame. 2) Instabilidade emocional, depressão, perda da libido, enxaqueca, etc. 3) Câncer de mama, tumores no fígado, hipertensão, doença inflamatória intestinal como doença de Crohn, etc, etc, etc. Isso é só um pouquinho de tudo que a bula traz. Aliás, ela é imensa. Existe uma página no facebook chamado "Vítimas dos anticoncepcionais. Unidas a favor da vida" que relata vários casos de mulheres aqui no Brasil que foram vítimas dos anticoncepcionais. É interessante notar que eles não escondem nada na bula e é até uma das formas que eles tem de se livrar de processos, já que toda a informação foi passada à paciente que, teoricamente, sabia dos riscos. Um dos efeitos (mecanismo de ação) da pílula, é impedir a implantação do óvulo fecundado (caso o anticoncepcional tenha falhado em impedir a ovulação). Isso ocorre por dois motivos: 1) eles alteram a espessura do endométrio (parede do útero), tornando-a mais “fina”. Neste caso, o óvulo fecundado não conseguirá se implantar. Inclusive este também é um dos mecanismos de ação das pílulas do dia seguinte (uma combinação de hormônios contraceptivos em altíssima dose). 2) eles alteram a expressão de moléculas de adesão (integrinas, ou marcadores de receptividade endometrial) importantes para que o óvulo fecundado se ligue na parede do endométrio e posteriormente se implante. Essas moléculas funcionam como um “adesivo” que aprisiona o óvulo fecundado para posteriormente implantá-lo no útero. Portanto, sem esse “adesivos”, o óvulo fecundado é perdido num sangramento que a mulher acha que foi uma menstruação. (http://europepmc.org/abstract/med/8774274). Neste artigo o autor conclui que as alterações na expressão dessas integrinas prejudicam a receptividade uterina e é um mecanismo pelo qual os anticoncepcionais exercem suas ações contraceptivas). Outro efeito já relatado, e que também consta nas bulas, é o risco de gravidez ectópica (gravidez fora do útero, ocorrendo nas trompas). Isto ocorre porque os anticoncepcionais interferem na motilidade das trompas. Essa motilidade é importante para permitir o deslocamento do óvulo (fecundado nas trompas) para o útero. Infelizmente muitos médicos ainda negligenciam estas informações e após uma gravidez ectópica, a mulher precisará remover a trompa onde ocorreu essa gravidez. (http://www.bmj.com/content/321/7258/450.1?variant=full-text) Portanto, todos esses fatores levam aos ABORTOS OCULTOS. Já existem diversos artigos publicados sobre o efeito pós-fertilização da pílula e recomendo a leitura deste que foi publicado por um médico americano, Walter Larimore: http://triggered.clockss.org/ServeContent.... Ao final do artigo, após as referências bibliográficas, ele traz uma nota contando sua trajetória como médico na busca das evidências médico-científicas para o efeito pós-fertilização dos anticoncepcionais e fiquei encantada com um trecho desta nota: “Quanto mais pesquisei, mais preocupado fiquei com os meus resultados... Finalmente, depois de muitos meses de debate e de oração, eu decidi, em 1998, parar de prescrever a pílula. Enquanto médico da família, a minha carreira tem sido comprometida com cuidado da família, desde a concepção até a morte. Desde que as evidências indicaram-me que a pílula pode ter efeito pós-fertilização, senti que não podia mais, em sã consciência, prescrevê-lo especialmente porque existem alternativas viáveis... especialmente um dos métodos modernos de planejamento familiar natural.... Então, essa é uma pesquisa que mudou a minha alma e minha prática. Ele tem sido um problema extraordinariamente difícil com a qual tive de lutar.” (Dr. Walter L. Larimore) As CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS dos anticoncepcionais também tem preocupado a comunidade científica no Brasil e no mundo: • Cientistas estão encontrando a presença de hormônios femininos em rãs, lontras e peixes, tornando a espécie masculina “menos macho”. • Em Washington pesquisadores descobriram que o estrogênio sintético reduz drasticamente a fertilidade da truta arco-íris do sexo masculino. • 101 trutas do sexo feminino, • 12 do sexo masculino • 10 truta "intersex" (contém traços do sexo masculino e feminino) http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0016648008001123 http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0147651311002041 http://www.usnews.com/science/articles/2009/09/15/male-bass-in-many-us-rivers-feminized-study-finds http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/es1014482?journalCode=esthag Espero ter contribuído para a compreensão dos perigos dos anticoncepcionais tanto para a saúde da mulher, quanto para a vinda dos futuros filhos e ao meio ambiente. Sou usuária e instrutora do método de Billings, e não vejo minha fertilidade como doença para ser tratada por anticoncepcionais. Sou livre para viver minha feminilidade e fertilidade. Angela Márcia Selhorst e Silva Beserra, farmacêutica, doutoranda pela Universaidade Federal de Mato Grosso, instrutora do Método de Ovulação Billings do CENPLAFAM - Núcleo Cuiabá

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Reconhecendo o período fértil e infértil de cada mulher

Vivenciando o Método de Ovulação Billings nós percebemos que cada mulher é única! Por isso, não existe mulher "regulada". O ciclo menstrual é o período que vai do início de uma menstruação até o último dia antes do início da próxima. Ele pode variar a duração de mulher para mulher:
Ciclos curtos - duração de 19 a 24 das.
Ciclos médios - 25 a 35 dias.
Ciclos longos - 35 dias ou mais.Os ciclos longos são os ciclos das mulheres que estão amamentado, que deixaram de utilizar contraceptivos hormonais ou que estão na pré-menopausa.
Mas o que determina o tamanho de cada ciclo?
A duração do período pré-menstrual: não é a menstruação que atrasa ou adianta, é a ovulação!
Desta forma, no Método de Ovulação Billings conseguimos saber nosso período pré ovulatório, chamado de período de infertilidade e nosso período de fertilidade.
Vejamos o gráfico abaixo:

A parte em vermelho mostra o período menstrual.
Logo em seguida, inicia-se a fase infértil do ciclo: esse é o período pré-ovulatório. Ele se caracteriza por um padrão de sensações sem mudanças: a mulher pode se sentir seca e não observar nada. Ou ela pode se sentir úmida e visualizar um fluxo, que todos os dias é igual. Esse é o Padrão Básico de Infertilidade (PBI), que pode ser seco ou de fluxo. no Desenho acima está em verde (seco).
Passado esse período, inicia-se as atividades ovarianas e o período fértil. O padrão de fertilidade é um padrão de mudanças progressivas nas sensações e na observações. É nesse período que a mulher vai observar a presença do muco.
Ela passa a senteir-se pegajosa, molhada e escorregadia. O muco passa de algo turvo, espesso para algo transparente, e cada vez mais fluido até ter a consistência de clara de ovo (no gráfico esse período está marcado com o bebezinho). O último dia de sensação mais escorregadia é considerado o dia ápice - o dia provável da ovulação! A ovulação pode acontecer no dia ápice ou até 48 horas depois. Reconhecido o dia ápice, de 11 a 16 dias virá uma nova menstruação.
Assim, reconhecendo o Padrão de Infertilidade da mulher, é possível aplicar as regras para conseguir ou espaçar uma gestação! Falaremos sobre elas no próximo post!

domingo, 15 de junho de 2014

Como foi a descoberta do Método de Ovulação Billings

O Método de Ovulação BillingsTM um modo natural para conseguir ou adiar uma gestação. O princípio do método é o conhecimento da fisiologia do sistema reprodutor feminino, consistindo na observação diária do muco produzido pela ação estrógeno na cérvix (colo do útero). 
É um método científico que teve seu estudo iniciado na década de 1950. Na ocasião, o Dr. John Billings, neurologista de Melbourne (Austrália), foi procurado por um padre (Pe. Maurice Catarinich) para que ele pudesse indicar um método de planejamento natural eficaz para casais  de sua paróquia que, com a segunda guerra mundial, desejavam espaçar as gestações (os outros métodos – tabelinha e o da temperatura – já não atendiam suas necessidades). Mesmo não sendo sua especialidade, Dr. Billings aceitou o pedido do amigo e pediu três meses para que pudesse obter algumas informações. Durante esse período, buscou em diversas literaturas médicas, em busca de algo diferente do outros métodos naturais até então utilizados. Ele encontrou um estudo do ano de 1855, descreve que a gravidez tinha maior possibilidade de acontecer quando a cérvix (parte do colo uterino) produzia um muco “na condição mais fluida”. Outro estudo, de 1933, afirmava que o muco cervical mais fluído, tinha uma relação com o ápice da produção de estrógeno pela mulher. Deste modo, que era para durar três meses, tornou-se uma vida inteira de estudos pelo Dr. John.
Em 1953, ele contou com a colaboração de centenas de mulheres que se observaram diariamente e constatou que a sensação que o muco causava e sua aparência descrita pelas mulheres, coincidiam com o período fértil delas.
Em 1962, John Billings pediu para um endocrinologista da Universidade de Melbourne, o Dr. James Brown, uma investigação a fim de relacionar com exatidão as observações das mulheres quanto ao fluxo mucoso cervical e as características atividades hormonal ovarianas, próprias da ovulação. Analisaram-se centenas de ciclos de mulheres em todas as fases reprodutivas. Até o ano de 1964, os investigadores estavam convencidos de que as observações das mulheres quanto às características típicas do fluxo mucoso cervical identificavam sua fertilidade com tanta exatidão quanto os sofisticados exames de laboratório.
Em 1970, o método passa a ser validado cientificamente, passando a ser chamado de Método de Ovulação Billings, com eficácia garantida, inicialmente, de 97% (hoje essa porcentagem chega aos 99%).
“Estudo randomizado, realizado em mulheres usuárias do Método da Ovulação Billings (MOB), em vários países de diversos continentes, contribuiu para o abandono do uso de medidas de temperatura e de cálculos de ritmo associados ao MOB, comparando-o favoravelmente com a  eficácia de métodos anticoncepcionais conhecidos, como a pílula e o Dispositivo Intrauterino (DIU)” (MAGALHÃES et al., 2013, p. 486).

Referências

BILLINGS, E.L.; WESTMORE, A. O método Billings, controle de fertilidade sem drogas e sem dispositivos artificiais. 12. ed. São Paulo: Paulus; 2007. p. 217-30.
MAGALHÃES, A.C. et al. Vivência da mulher na escolha do Método de Ovulação Billings. Revista Brasileira de Enfermagem, 2013: v. 66, n. 4, p. 485-492.